Interdisciplinaridade e disciplinas escolares
Assim como no sistema de produção, a educação é organizada de forma fragmentada e desarticulada.Cada professor é um especialista numa parte do currículo.Isto reflete a própria cisão histórica das atividades humanas e do modelo de sociedade ao qual fazemos parte.
Desta forma a interdisciplinaridade pode ser uma alternativa de integrar e organizar o currículo.Não falamos em dispensar as disciplinas ou de recriá-las. Nem tão pouco de se ter a pretensão de criar novos saberes,mas de utilizar os conhecimentos das várias disciplinas para resolver um problema concreto ou compreender um determinado fenômeno sob diferentes pontos de vista. A interdisciplinaridade traz uma possibilidade de quebrar com o conhecimento parcelado,compartimentalizado em que se encontram as disciplinas,proporcionando um trabalho integrado de interpretação do mundo.
Para proporcionar uma nova organização escolar e principalmente na educação integral, é necessário garantir espaço para um planejamento em equipe, fortalecendo e ampliando as possibilidades de trabalho em busca de uma formação integral do sujeito.
Este blog tem como objetivo registrar atividades e reflexões da disciplina Currículo e organização do trabalho pedagógico na Educação Integral. Este será um período de desafios, investigações e incertezas em busca da compreensão do currículo em educação Integral.
sábado, 13 de outubro de 2012
sábado, 4 de agosto de 2012
sábado, 28 de julho de 2012
Currículo como política cultural
“Historicamente, a escola tem sido um locus privilegiado de criação e reafirmação de algumas identidades, em especial daquelas ligadas ao âmbito do nacionalismo, para o qual são sempre apresentadas narrativas integradas a projetos políticos, devidamente equipadas de símbolos, apontando perspectivas de futuro a partir do estabelecimento de um passado fabricado/escolhido, marcando posições de sujeito a serem preenchidas pelos alunos e alunas” (SILVEIRA, 2000, p. 283).
É o currículo o espaço onde ocorrem disputas culturais. Estas travam lutas entre diferentes significados dos sujeitos,da sociedade e do mundo,no processo de formação de identidades.
Detalhe da capa de Santa Catarina: interagindo com a História. L. Sourient, R. Rudek e R. Camargo (2006). Ilustrações de P. Borges e Branbilla. A imagem demonstra a iniciativa dos autores em representar a diversidade étnica, de gênero no estado de Santa Catarina e, ainda, de introduzir a criança como personagem da história local, seguindo a a legislação federal que fundamenta os editais do Programa Nacional do Livro Didático.
Podemos observar nos livros didáticos a forma com que as identidades de classe ,de gênero e etnia são apresentadas.
“Historicamente, a escola tem sido um locus privilegiado de criação e reafirmação de algumas identidades, em especial daquelas ligadas ao âmbito do nacionalismo, para o qual são sempre apresentadas narrativas integradas a projetos políticos, devidamente equipadas de símbolos, apontando perspectivas de futuro a partir do estabelecimento de um passado fabricado/escolhido, marcando posições de sujeito a serem preenchidas pelos alunos e alunas” (SILVEIRA, 2000, p. 283).
É o currículo o espaço onde ocorrem disputas culturais. Estas travam lutas entre diferentes significados dos sujeitos,da sociedade e do mundo,no processo de formação de identidades.
Detalhe da capa de Santa Catarina: interagindo com a História. L. Sourient, R. Rudek e R. Camargo (2006). Ilustrações de P. Borges e Branbilla. A imagem demonstra a iniciativa dos autores em representar a diversidade étnica, de gênero no estado de Santa Catarina e, ainda, de introduzir a criança como personagem da história local, seguindo a a legislação federal que fundamenta os editais do Programa Nacional do Livro Didático.
Podemos observar nos livros didáticos a forma com que as identidades de classe ,de gênero e etnia são apresentadas.
Currículo - Cultura - Diferentes Identidades - Grupos Sociais -
Relações de Poder = Produção/Preservação das Diferenças.
quinta-feira, 26 de julho de 2012
Conhecimento escolar e Educação Integral
Quando pensamos em currículo escolar surgem ideias como:
-conteúdos a serem ensinados e aprendidos;
-processos de avaliação;
-procedimentos/metodologia;
-objetivos a serem alcançados;
-planejamento;
-experiências de aprendizagem.
Podemos dizer que para o professor em primeira instância,o currículo é o conhecimento escolar e para os alunos é vivência.
Somos sujeitos históricos e sociais,portanto precisamos garantir através da escola a apropriação dos conhecimentos historicamente produzidos.Sabemos que o conhecimento não é neutro,por isso precisamos definir o que é relevante e qual caminho percorrer.Se queremos formar sujeitos autônomos,críticos e criativos,capazes de compreender o momento histórico em que estamos situados;sujeitos capazes de atuar em seu cotidiano e de participar de forma ativa na transformação social do ambiente em que vivem,precisaremos então, trabalhar com conteúdos e atividades que contribuam para desenvolver níveis mais elevados de pensamento.Pois é preciso criticar e transcender suas experiências refletindo sobre o ambiente mais próximo e sobre a sociedade em geral, saindo do conformismo que vem sendo aplicado através do currículo oculto.
Para tanto, é necessário discutir os fins da Educação Integral,juízo de valor,comprometimento social e considerar o interesse e a participação dos sujeitos que fazem parte desse processo.
Referência bibliográfica:
MOREIRA,A.F.B.& KRAMER,S.Contemporaneidade,educação e tecnologia. Educação e Sociedade,v.28,n100,p.1037-1057,2007
MOREIRA.A.F; CANDAU,V. M. Indagações sobre currículo:currículo,conhecimento e cultura.Brasília:Ministério da Educação,Secretaria da Educação Básica,2007
-conteúdos a serem ensinados e aprendidos;
-processos de avaliação;
-procedimentos/metodologia;
-objetivos a serem alcançados;
-planejamento;
-experiências de aprendizagem.
Podemos dizer que para o professor em primeira instância,o currículo é o conhecimento escolar e para os alunos é vivência.
Somos sujeitos históricos e sociais,portanto precisamos garantir através da escola a apropriação dos conhecimentos historicamente produzidos.Sabemos que o conhecimento não é neutro,por isso precisamos definir o que é relevante e qual caminho percorrer.Se queremos formar sujeitos autônomos,críticos e criativos,capazes de compreender o momento histórico em que estamos situados;sujeitos capazes de atuar em seu cotidiano e de participar de forma ativa na transformação social do ambiente em que vivem,precisaremos então, trabalhar com conteúdos e atividades que contribuam para desenvolver níveis mais elevados de pensamento.Pois é preciso criticar e transcender suas experiências refletindo sobre o ambiente mais próximo e sobre a sociedade em geral, saindo do conformismo que vem sendo aplicado através do currículo oculto.
Para tanto, é necessário discutir os fins da Educação Integral,juízo de valor,comprometimento social e considerar o interesse e a participação dos sujeitos que fazem parte desse processo.
Referência bibliográfica:
MOREIRA,A.F.B.& KRAMER,S.Contemporaneidade,educação e tecnologia. Educação e Sociedade,v.28,n100,p.1037-1057,2007
MOREIRA.A.F; CANDAU,V. M. Indagações sobre currículo:currículo,conhecimento e cultura.Brasília:Ministério da Educação,Secretaria da Educação Básica,2007
domingo, 22 de julho de 2012
A seleção cultural dos conteúdos/Educação Integral
O que ensinamos na escola?
Que cultura pretendemos servir,ou melhor conhecer,difundir,analisar,levar em conta?
Não podemos esquecer que a escola tem papel social,cultural e político muito fortes na formação da sociedade.Sabemos que uma das finalidades que a escola pretende desenvolver é a de preparar os alunos para serem cidadãos ativos e críticos,democráticos e solidários para atuar numa sociedade que seja igualmente democrática e solidária.
Mas como preparar alunos inteligentes,reflexivos e atuantes com o modelo de cultura currícular que temos?
Na educação integral este desafio é ainda maior.Temos o aluno em tempo integral na escola,mas o conteúdo que desenvolvemos, consegue proporcionar esta integralidade?
Segundo Santomé,1998:"...um projeto curricular emancipador destinado aos membros de uma sociedade democrática e progressista,além de especificar os princípios de procedimento que permitem compreender a natureza construtiva do conhecimento e sugerir processos de ensino e aprendizagem em consonância com os mesmos,também deve necessariamente propor metas educacionais e blocos de conteúdos culturais que possam contribuir da melhor maneira possível com uma socialização crítica dos indivíduos."
Aqui o corpo docente tem papel decisivo buscando uma reconstrução reflexiva e crítica da realidade.
Não podemos deixar de dar a devida consideração as perspectivas das classes sociais,gênero,sexualidade etnia e diversidade cultural destes indivíduos ao qual trabalhamos.
quinta-feira, 21 de junho de 2012
Análise Curricular do Filme: Escritores da Liberdade
Assistindo ao filme "Escritores da Liberdade" reportei-me à leitura do texto de Candau e Moreira. Cito como entendimento de currículo "...experiências escolares que se desdobram em torno do conhecimento, em meio a relações sociais, e que contribuem para a construção das identidades de nossos estudantes."(p.18).
Neste texto é colocado a importância de o conhecimento escolar ser relevante, significativo e chama a atenção para a sublime ação do currículo oculto formando relações, regras e práticas na educação. Isto é expresso no filme, quando segrega um grupo definindo julgamentos e práticas do sistema educacional.
O filme mostrou questões exploradas também no texto de Sacristan, como: Pluralismo social, cultura compartilhada, mudanças sociais, subjetividade, experiência e saber.
"A cultura oficial dos currículos e o tempo ocupado pela atividade educativa tem que interromper o sentido acadêmico dominante da cultura curricularizada para proporcionar um espaço para o desfrutamento dessa cultura lúdica." (p.56)
O filme lembrou-me a fala irônica de uma visitante à escola onde trabalho, quando a diretora expunha de forma entusiasta o trabalho desenvolvido por nós com relação a Educação Integral: "Pessoas desse tipo devem ser exoneradas, são um mal exemplo."
Referência bibliográfica:
GIMENO SACRISTAN, J. Escolarização e cultura: a dupla determinação. IN: Silva, L.E.da; Azevedo, J. C.; Santos, E. S. dos. (Orgs). Novos mapas culturais, novas perspectivas educacionais. Porto alegre: Sulina, 1996.
MOREIRA, A.F; CANDAU, V.M. Indagações sobre currículo: currículo,conhecimento e cultura. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2007.
domingo, 17 de junho de 2012
Currículo: Encantos e Desencantos
Na aula do dia 01/06,realizamos a apresentação de slides sobre as teorias curriculares.São elas divididas em:tradicional,crítica e pós-crítica.
Com a discussão pude compreender que o currículo enquanto construção social é determinado pala luta de classes.Os movimentos culturais e sociais acabam por questionar os princípios vigentes em cada época,buscando renovação,crítica,poder,dominação.Diante disso,enquanto agentes de currículo acabamos sendo conduzidos pelas forças de controle.
Proposta Curricular de Santa Catarina/Interface com Educação Integral
Proposta curricular de Santa Catarina bem fundamentada, bem elaborada, prevê a educação integral, difícil porém, colocá-la em prática.
A proposta curricular de Santa Catarina tem expresso como princípio de formação: o conceito de mundo, de homem, sociedade, educação, escola, currículo, ensino e aprendizagem.
Esta proposta teve como motivação histórica os movimentos políticos, a leitura de base marxista e o contexto local.
A proposta prevê a implementação do programa "Escola Pública Integrada", tendo como objetivo a ampliação das oportunidades.
quarta-feira, 30 de maio de 2012
domingo, 27 de maio de 2012
POLÍTICA CURRICULAR/AGENTES CURRICULARES
Abordando currículo como construção social e política
cultural, nos colocamos em reflexão sobre algumas questões:
- Quem define o currículo?
Seria ingênuo pensar que o currículo nasça simplesmente da
escola (professores,alunos).É claro que devemos ser necessariamente sujeitos da
produção,elaboração, seleção e execução do currículo.Somos agentes
importantíssimos, porém é preciso levar em conta a força que o Estado e os
grandes organismos internacionais tem em sua formulação.
-Qual é a
intencionalidade?
Entendendo o currículo como um instrumento político de poder,podemos
afirmar que ele não é neutro.A conotação de neutralidade que nos foi passada é
falsa.Fomos formados nesta ideia de neutralidade.
Para Ball (2006, p.26)”...políticas colocam problemas para seus
sujeitos,problemas que precisam ser resolvidos no contexto(...),respostas que
precisam,na verdade,ser criativas.(...)As políticas normalmente não nos dizem o
que fazer,elas criam circunstâncias...Tudo isso envolve algum tipo de ação
social...”
-O que ele faz
conosco?
O currículo constrói sociedades, portanto somos resultado
dele.Isto é muito sério e nos faz questionar enquanto agentes sobre o que
estamos fazendo para manter ou modificar o que está posto.
Muitas reformas curriculares vêm sendo realizadas ao longo
do tempo e é preciso concordar com Aplle, como comentado pelo professor Juares em sala, quando sugere que “na modernidade se faz
muitas reformas de currículo, todas elas para ficar como está.”
-Mas o que fazer?
Para responder esta questão usarei um comentário realizado
pelo professor Juares, na aula de 11/05: "Olhar o passado,discutir o presente e
definir o futuro.”
Referência:
BALL, Stephen J. Sociologia das políticas educacionais e pesquisa crítico social em educação. In: Currículo sem Fronteiras, n°2, V.1, dez, 2006.
terça-feira, 8 de maio de 2012
Aulas dos dias 27/04 e 04/05
Nas aulas do dia 27/04 e 04/05 iniciamos a
discussão sobre as Políticas Curriculares para a Educação Básica e a Educação
Integral. Analisamos as resoluções N.4 e N.7 do Conselho Nacional de Educação e
livros do Projeto Mais Educação ( MEC ).
Quando pensamos currículo nos reportamos aos:
saberes/espaços/tempos/sujeitos; então para “fazer” currículo é preciso ter
intencionalidade, considerar as várias dimensões e os diversos agentes que o
compõem com papéis e interesses próprios. Esta é uma ação política e toda
política educativa se refere a questões curriculares.
O currículo se materializa por meio de ações
articuladas através do planejamento, avaliação, gestão e ensino.
A política
educacional para a educação básica tem a gestão democrática num regime de
colaboração entre os sistemas municipais, estaduais e federais como eixo
norteador. Além da formação para a cidadania; base curricular nacional comum;
vencer o analfabetismo; considerar a diversidade cultural; assegurar a escolha
de abordagem didático-pedagógica disciplinar, pluridisciplinar,
interdisciplinar ou transdisciplinar pela escola .
Surge um novo conceito: redes de ensino/redes
de aprendizagem. Além do foco principal da qualidade ser o de educar e cuidar.
E o “cuidar” passa a ser mais uma função atribuída à escola.
Ao trabalhar com o material do Programa Mais
Educação entendemos que ele tem ação indutora por parte do Estado através da
intersetorialidade e governança para a implementação da educação integral e
conta com ações de diversos ministérios, desta forma a educação não é mais
responsabilidade exclusiva da escola, ganhando um âmbito ainda mais social.
Conhecendo a pesquisa realizada com trinta e
sete escolas de redes municipais no Brasil, pude aproximar os exemplos citados
como o que desenvolvemos na escola. É preciso lembrar que o que foi apontado
como “boas práticas” tem que ser considerado o contexto e o momento em que são
vivenciadas estas experiências. O que todas as redes analisadas demonstram é
que são orientadas por um propósito comum –a aprendizagem – num trabalho dinâmico de troca
e fluxo de informações gerando um compromisso de toda comunidade. O aluno passa
a ser visto como “aluno da rede” e não só de determinado professo ou escola. O
professor é parte da equipe da escola e da rede, gerando um clima de
engajamento e responsabilidade.
É assim que buscamos trabalhar na escola em
que atuo. Os alunos que participam do período integral são alunos de “todos”.
Todos enquanto escola, temos que ter ações que contribuam para oportunizar o
desenvolvimento integral destes.
Na pesquisa citada anteriormente são
apresentadas quatro atitudes em comum das escolas participantes: atenção,
capricho, abertura e solidariedade.
Comparo estas atitudes com as que buscamos
desenvolver na escola, porém substituindo os itens em ordem de apresentação
por: compromisso, persistência, ousadia e engajamento.
Nos dez pontos principais destacados na
pesquisa, é possível citar o currículo como princípio fundamental para
assegurar o direito à aprendizagem através de: espaços de planejamento
contínuo, definição de metas coletivas, experiências, metodologia,
democratização da gestão, formação continuada, combate a repetência e
avaliação.
Vejo que esta forma de se “fazer” currículo
não é uma tarefa fácil, mas imprescindível de ser iniciada e colocada em
prática o mais rápido possível.
Então vamos nos instrumentalizar parar melhor
atuar.
Assinar:
Postagens (Atom)